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Estratégias básicas de entrada e saída no Trend Following

Quem nunca entrou tarde demais em uma operação e saiu cedo demais? Ou se perguntou por que sistemas simples funcionam melhor que os complicados? No trend following, essas respostas estão na essência da estratégia.


Um dos maiores erros que muitos traders cometem é acreditar que o segredo do sucesso está em descobrir o “setup mágico”, aquela combinação exata de indicadores que antecipa os grandes movimentos do mercado. No trend following, esse tipo de obsessão simplesmente não existe. O foco está na estrutura completa da estratégia, e não na tentativa de prever o futuro. Aqui, as regras de entrada e saída são simples, objetivas e, o mais importante, replicáveis. E é justamente essa simplicidade que torna a estratégia tão poderosa.


Vamos começar pelas entradas. O princípio é claro: você só entra em um ativo quando ele já demonstrou, de forma inequívoca, que está em tendência. Ou seja, o trend follower não tenta adivinhar quando o mercado vai virar. Ele espera que o movimento aconteça e apenas reage. A ideia é entrar no “meio do caminho”, quando já há um sinal concreto de que a força compradora ou vendedora está no controle.


A forma mais clássica de fazer isso é com rompimentos de máximas ou mínimas anteriores. Por exemplo: se o ativo atinge o maior preço dos últimos 50 dias, isso pode indicar o início de uma nova tendência de alta. A entrada é feita ali, sem questionar se o preço está “caro demais”. O importante não é o preço absoluto, mas sim o fato de que o mercado está andando em uma direção clara. Essa lógica também se aplica ao lado oposto: se o ativo rompe a mínima dos últimos 50 dias, abre-se uma posição de venda, apostando na continuidade da queda.


Outra abordagem bastante comum usa cruzamentos de médias móveis. Um exemplo prático seria a média móvel de 50 dias cruzando acima da média de 100 dias. Esse tipo de sinal sugere que os preços recentes estão mais fortes do que os anteriores, apontando uma possível tendência de alta. Esses cruzamentos podem ser ajustados conforme o perfil da estratégia: mais curtos para capturar movimentos rápidos, mais longos para reduzir o número de sinais falsos.


Vale destacar que nenhuma dessas entradas vai acertar o fundo ou o topo. Essa nem é a proposta. O trend following busca capturar a “gordura do movimento”, ou seja, o trecho central da tendência. Ele entra atrasado e sai atrasado, mas compensa isso com disciplina, controle de risco e capacidade de permanecer posicionado nos grandes movimentos.


E quando falamos em saídas, entramos em outro ponto essencial da estratégia. A saída correta é o que transforma uma boa operação em uma operação excelente. No trend following, a saída geralmente ocorre de duas formas: por reversão da tendência ou por stop de proteção.


A saída por reversão é baseada em sinais técnicos de que a tendência está enfraquecendo. Por exemplo, se você está comprado e o ativo perde a mínima dos últimos 20 dias, ou cruza abaixo de uma média de 50 períodos, isso pode ser interpretado como sinal de enfraquecimento. Nesse momento, a posição é encerrada. Essa abordagem evita que lucros expressivos se transformem em perdas.


Já o stop de proteção é uma medida de segurança. Ele serve para limitar o prejuízo caso a operação dê errado desde o início. É comum utilizar o ATR (Average True Range) como referência para calcular a distância entre o ponto de entrada e o stop. Por exemplo, se o ATR está em 2 pontos e o sistema define o stop em 3 ATRs, o risco da operação será de 6 pontos. Essa técnica adapta o stop à volatilidade do ativo, tornando-o mais coerente com o comportamento de cada mercado.


Há ainda os trailing stops, ou stops móveis. Eles acompanham a direção da tendência, ajustando-se à medida que o preço se move a favor da posição. Se o ativo sobe, o trailing stop também sobe, garantindo que parte do lucro seja protegida em caso de reversão. O trailing stop pode ser calculado com base em médias, percentuais ou múltiplos de ATR.


É importante mencionar que o trend following opera simetricamente nos dois lados do mercado. Se um ativo está em tendência de alta, a posição é comprada. Se está em tendência de baixa, a posição é vendida. Não há apego ao “viés de otimismo” tão comum entre investidores. O sistema simplesmente segue a direção do preço, independentemente de notícias, opiniões ou sentimentos. Essa neutralidade é o que permite ao trend follower lucrar tanto em mercados em alta quanto em períodos de queda generalizada, como crises financeiras.


Outro ponto fundamental é que todas essas regras devem ser aplicadas de forma sistemática e sem julgamentos subjetivos. A consistência é mais importante do que a esperteza. O erro mais comum entre iniciantes é mudar as regras no meio do jogo: mover stops, cancelar sinais, hesitar na entrada, sair cedo demais. Um bom sistema de trend following funciona porque é executado com precisão militar, não porque tenta prever cada movimento.


Por fim, é importante compreender que as entradas e saídas são apenas uma parte da equação. Sozinhas, elas não garantem sucesso. A verdadeira força da estratégia está em sua totalidade: a diversificação dos ativos, o controle de risco por volatilidade, o ajuste do tamanho das posições e a disciplina emocional para seguir o plano. As regras de entrada e saída funcionam porque estão inseridas em um sistema coeso, testado e resiliente.


Afinal, do que adianta acertar uma entrada perfeita se o risco estiver mal calibrado?

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