O que é a taxa DI e como interpretar seus vencimentos na curva de juros
- Nilson Marcelo

- 24 de jul.
- 3 min de leitura
No centro do mercado de juros brasileiro está a taxa DI, também chamada de taxa over. Ela é um dos principais referenciais de remuneração para aplicações de renda fixa e é amplamente utilizada em contratos futuros, operações compromissadas, empréstimos interfinanceiros e precificação de derivativos.
A taxa DI é a média das taxas praticadas entre os grandes bancos nos empréstimos de curtíssimo prazo, mais precisamente nos empréstimos interbancários com prazo de um dia útil, garantidos por títulos públicos federais. Ou seja, a DI representa o custo de financiamento de curto prazo entre instituições financeiras, com baixíssimo risco de crédito, e por isso é tratada como uma proxy da taxa livre de risco no Brasil.
Essa taxa é calculada diariamente pela B3, com base nas operações registradas no sistema Selic, e divulgada como taxa anual com base de 252 dias úteis, no regime de juros compostos.
Mas a pergunta que muitos investidores fazem é: o que significam os vencimentos negociados nos contratos futuros de DI1? E o valor que aparece na tela, o que ele representa?
A curva de juros futura formada pelos contratos de DI1 representa a expectativa do mercado sobre a taxa média diária de juros que será observada entre hoje e a data de vencimento do contrato. Em outras palavras, se o contrato de DI1 com vencimento em janeiro de 2026 está sendo negociado a 10,25%, isso não significa que o mercado espera exatamente 10,25% de Selic em janeiro de 2026, mas sim que a média composta das taxas DI entre hoje e janeiro de 2026 deve equivaler a 10,25% ao ano.
Portanto, sim, o valor negociado é uma média esperada até o vencimento. Esse é um ponto fundamental. Ao comprar ou vender um contrato futuro de DI, o investidor está se posicionando em relação ao caminho médio das taxas de juros até aquela data.
Para visualizar melhor, imagine que hoje a Selic está em 10,50% e o contrato DI1 para janeiro de 2026 negocia a 10,25%. Isso sugere que o mercado está precificando quedas graduais da taxa básica ao longo do tempo, de modo que a média ponderada das taxas diárias até janeiro de 2026 seja inferior à atual.
É importante notar que os contratos de DI1 são prefixados, e seu preço é calculado com base no desconto exponencial de uma unidade monetária (R$1,00) usando a taxa de juros acordada. Por isso, quanto maior a taxa, menor o preço do contrato, e vice-versa. Essa estrutura inversa torna a operação visualmente distinta: uma taxa mais alta implica preço mais baixo.
Cada vencimento da curva DI1 corresponde ao último dia útil do mês de vencimento. Assim, o DI1F26 corresponde ao contrato com vencimento em janeiro de 2026.
Esses contratos são liquidados financeiramente no vencimento com base no ajuste acumulado de margem diária, o que significa que todo dia útil o investidor que está comprado ou vendido recebe ou paga a variação do contrato em relação ao preço anterior. Essa sistemática permite alavancagem e exige um controle rigoroso de risco, especialmente em momentos de mudança brusca de política monetária.
Em resumo, ao olhar para os vencimentos da curva DI, você está olhando para o que o mercado acredita que será a média das taxas DI entre hoje e cada ponto da curva. Essa informação é crucial para quem opera futuros, opções, renda fixa e até ações, já que o custo de oportunidade e o valor presente dos fluxos estão diretamente ligados ao comportamento dessas taxas.



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