Por que a maioria das estratégias de trade falha (e o que fazer a respeito)
- Nilson Marcelo

- 21 de jun.
- 3 min de leitura
Quem nunca ouviu frases como "se cruzar a média de 9 com a de 21, compra!" ou "bateu na banda de Bollinger, é venda!"? Esses tipos de afirmações estão por toda parte. O problema é que, na prática, a maioria dos traders descobre da pior maneira que esses sinais não funcionam de forma consistente.
Mas por que isso acontece?
Porque muitas estratégias populares são genéricas, reativas e não foram construídas com uma visão completa do mercado. Elas se baseiam, em geral, em indicadores atrasados, exemplos isolados e frases vagas que não resistem à realidade dinâmica do mercado.
Vamos falar sério. O mercado financeiro, seja ele de ações, dólar futuro, índice, criptomoedas ou qualquer outro ativo, é um ambiente probabilístico. Isso significa que nenhuma estratégia vai acertar sempre. Mas o que você pode (e deve) buscar é colocar as probabilidades a seu favor. E isso só é possível se você tiver um plano claro, com regras bem definidas e que cubra todos os momentos do trade: desde o momento da entrada até a hora da saída.
Imagine o seguinte cenário:
Você observa que o gráfico da PETR4 está subindo e resolve entrar comprado porque "parece forte". Depois de alguns minutos, o preço começa a cair e você não sabe o que fazer. Vende com prejuízo ou segura? E se subir de novo? Esse tipo de indecisão só acontece quando não há um plano estruturado. E o pior: muitas vezes, você nem sabe se comprou porque era tendência ou se estava apostando numa reversão.
Agora imagine outro cenário:
Você vê que o dólar futuro (WDO) está com tendência de alta no gráfico de 60 minutos, com o indicador de momentum também apontando para cima. No gráfico de 15 minutos, o preço faz uma correção leve e o mesmo indicador volta a subir. Nesse momento, você entra comprado com um ponto claro de stop e uma expectativa realista de onde o preço pode chegar.
Qual dos dois cenários parece mais profissional?
A diferença está em quatro pilares:
1. Saber o que está procurando (setup de entrada)
2. Ter critérios objetivos para entrar
3. Saber onde o trade dá errado (stop)
4. Saber onde o trade dá certo (alvo ou gerenciamento da saída)
Operar sem isso é como dirigir sem saber o caminho, o destino, nem se tem gasolina suficiente para chegar lá.
Outro erro comum é confiar apenas em um único indicador. Por exemplo: o RSI cruzou abaixo de 30, e isso por si só já vira motivo para comprar. Mas ninguém para para analisar se o preço está em tendência de queda, se existe alguma estrutura de reversão ou se o volume está confirmando. O mercado é um quebra-cabeça. E quanto mais peças certas você encaixa, mais chances tem de ver o desenho completo.
Quer um exemplo prático?
O mini índice (WIN) pode estar em tendência de alta no diário, mas se você tenta comprar toda vez que o IFR ou estocástico mostra sobrevenda no gráfico de 5 minutos, vai tomar muitos stops. Isso porque um indicador sozinho não entende o contexto. Ele apenas reage ao que já aconteceu. E é aí que a maioria dos traders erra: entra sem saber se está operando um pullback, uma reversão ou apenas uma correção no meio de um mercado lateral.
No final das contas, a pergunta que você precisa se fazer antes de cada operação é simples: por que essa entrada é uma boa ideia? Se a resposta for algo como "parece bom", "o gráfico está bonito" ou "fulano falou no grupo", talvez seja melhor esperar.
Trading profissional não é sobre acertar todas. É sobre agir com consistência, entendendo o que o mercado está fazendo, com base em estratégias que realmente empilham as probabilidades a seu favor. O que você vai aprender nos próximos textos é justamente isso: como identificar esses momentos de alta probabilidade, com base em quatro pilares — momentum, padrão, preço e tempo — e montar operações com lógica, clareza e controle de risco.


Comentários