O que é trava de baixa com puts?
- Nilson Marcelo

- 6 de set. de 2024
- 4 min de leitura
A trava de baixa com opções de venda (puts) é uma estratégia bastante popular entre investidores que acreditam que o preço de um ativo está prestes a cair. Diferente de uma simples venda a descoberto, onde o risco pode ser ilimitado, a trava de baixa com puts oferece um controle maior sobre o risco, pois o potencial de perda é limitado ao custo de montagem da operação. Ao mesmo tempo, o potencial de ganho também é limitado, o que torna essa estratégia ideal para quem busca uma abordagem mais conservadora e defensiva ao negociar opções.
O que é a trava de baixa com puts?
A trava de baixa, também chamada de *bear put spread*, envolve a compra de uma opção de venda (put) com um preço de exercício mais alto e a venda simultânea de outra put com um preço de exercício mais baixo, ambas com a mesma data de vencimento. Essa combinação cria uma estratégia que se beneficia quando o preço do ativo subjacente cai, mas limita os ganhos à diferença entre os strikes das opções, subtraído o custo da operação.
Ao montar essa operação, o investidor paga um valor líquido, conhecido como débito da trava, que corresponde à diferença entre o prêmio da put comprada e o prêmio da put vendida. O lucro máximo ocorre quando o preço do ativo no vencimento fica abaixo do strike da opção vendida. Por outro lado, o risco máximo está limitado ao custo de montagem da operação, independentemente de quanto o ativo possa subir.
Como funciona a trava de baixa com puts?
A ideia principal por trás da trava de baixa com puts é capturar parte da queda de um ativo sem se expor ao risco de perda ilimitada, como em uma operação de venda a descoberto. Essa estratégia é montada em quatro etapas principais:
1. Escolha do ativo: O investidor primeiro precisa selecionar um ativo, seja uma ação, índice, ETF ou commodity, sobre o qual acredita que haverá uma queda no preço.
2. Compra e venda de puts: Em seguida, o investidor compra uma put com um preço de exercício mais alto (mais cara) e vende uma put com um preço de exercício mais baixo (mais barata), ambas com a mesma data de vencimento. A put comprada protege o investidor contra uma queda maior, enquanto a put vendida ajuda a compensar parte do custo da operação.
3. Cálculo do custo: O custo da operação é calculado pela diferença entre o prêmio pago pela put comprada e o prêmio recebido pela put vendida. Esse valor representa o risco máximo da operação.
4. Monitoramento da posição: O investidor acompanha o desempenho do ativo subjacente, esperando que ele caia o suficiente para que a operação atinja o ponto de equilíbrio e comece a gerar lucro.
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Exemplificando uma trava de baixa com puts
Suponha que um investidor esteja pessimista em relação às ações da empresa *XYZ*, que atualmente são negociadas a R$ 50,00. Ele decide montar uma trava de baixa comprando uma put com strike a R$ 52,00 por um prêmio de R$ 2,00 e vendendo uma put com strike a R$ 48,00 por um prêmio de R$ 0,50. O custo da operação será de:
Custo da trava = (R$ 2,00 - R$ 0,50) = R$ 1,50 por ação.
Como cada contrato de opções representa 100 ações, o custo total da operação será de R$ 150,00. Esse valor representa o risco máximo que o investidor está disposto a correr.
Agora, para calcular o lucro máximo, basta considerar a diferença entre os preços de exercício das opções subtraído o custo da operação:
Lucro máximo = (R$ 52,00 - R$ 48,00) - R$ 1,50 = R$ 2,50 por ação.
Portanto, o lucro máximo da operação será de R$ 250,00 (R$ 2,50 x 100 ações). Isso ocorre se o preço da ação *XYZ* cair abaixo de R$ 48,00 no vencimento das opções.
Ponto de Equilíbrio
O ponto de equilíbrio da operação é o preço do ativo subjacente no qual o investidor não perde nem ganha dinheiro. Para calcular esse valor, subtrai-se o custo da operação do preço de exercício da put comprada:
Ponto de Equilíbrio = Strike da Put Comprada - Custo da Operação = R$ 52,00 - R$ 1,50 = R$ 50,50.
Ou seja, se o preço da ação estiver em R$ 50,50 no vencimento, o investidor não terá lucro nem prejuízo. Qualquer valor abaixo disso até R$ 48,00 representará lucro, enquanto preços acima de R$ 50,50 resultarão em prejuízo, limitado ao valor de R$ 150,00.
Quando usar a trava de baixa com puts?
Essa estratégia é adequada quando o investidor tem uma expectativa moderada de queda no preço do ativo subjacente. Se o investidor acredita que o ativo vai despencar, outras estratégias podem ser mais lucrativas, como a compra de puts isoladas, que oferecem ganhos ilimitados conforme o ativo continua caindo.
A trava de baixa é interessante para quem deseja limitar o risco, principalmente quando não quer ficar exposto a perdas significativas caso o ativo suba inesperadamente. Além disso, essa estratégia pode ser usada tanto em mercados mais voláteis quanto em cenários de quedas graduais, sempre com o foco em limitar os riscos e maximizar os ganhos dentro de um intervalo pré-definido.
Vantagens e Desvantagens
Vantagens:
- Risco limitado: O investidor sabe exatamente quanto pode perder ao montar a estratégia, o que permite uma melhor gestão de risco.
- Custo menor: Ao vender uma put, o investidor reduz o custo da operação, em comparação com a simples compra de uma put.
- Lucro limitado: Apesar de ser uma limitação, também oferece segurança ao investidor, que não se expõe ao risco de perdas maiores.
Desvantagens:
- Ganho limitado: O investidor não se beneficia de quedas acentuadas no preço do ativo, já que o lucro é limitado pela diferença entre os preços de exercício.
- Exposição à valorização do ativo: Se o preço do ativo subir, a estratégia resultará em prejuízo, ainda que limitado ao custo de montagem.
Conclusão
A trava de baixa com puts é uma estratégia eficaz para quem deseja lucrar com a queda de um ativo, ao mesmo tempo em que limita o risco e o retorno potencial. Com ela, é possível adotar uma visão defensiva do mercado, sabendo exatamente o quanto se pode perder e ganhar.
Entretanto, como em qualquer estratégia com opções, é essencial que o investidor tenha um bom entendimento sobre o comportamento do ativo e o funcionamento do mercado de opções para evitar surpresas indesejadas.


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