💸 Por que Nem Sempre Dá para “Viver de Theta” Vendendo Opções
- Nilson Marcelo

- 11 de jun.
- 2 min de leitura
Uma das estratégias mais populares entre traders de opções é vender contratos com o objetivo de ganhar com o passar do tempo. A lógica é simples: toda opção perde valor extrínseco com o tempo. Esse fenômeno é chamado de theta decay ou decaimento temporal. Quem vende a opção quer justamente capturar esse valor antes que ele vá embora.
Mas será que é tão simples assim? Será que dá mesmo para montar uma carteira de opções vendidas e apenas esperar o tempo trabalhar a seu favor? A realidade é que viver de theta pode funcionar em alguns momentos, mas está longe de ser uma fonte de renda garantida.
Imagine que você é dono de uma banca que vende ingressos de cinema antecipados. Esses ingressos valem mais hoje porque o filme ainda não estreou. Com o tempo, conforme o dia da sessão se aproxima, eles vão perdendo valor. No papel, parece que você vai ganhar dinheiro vendendo esses ingressos que se desvalorizam sozinhos com o tempo. Mas e se alguém descobrir que o ator principal cancelou a participação, ou que outro filme vai ser lançado no mesmo dia? A demanda pode subir ou despencar do nada. E isso afeta diretamente o preço do ingresso, independentemente do tempo.
Com opções acontece algo parecido. Você pode estar com uma posição vendida esperando colher lucro com a passagem dos dias, mas de repente a volatilidade implícita aumenta, ou o mercado entra em pânico com algum evento inesperado. Resultado: o valor extrínseco da opção sobe, e mesmo que o tempo esteja passando, o seu prejuízo aumenta.
Outro cenário comum é quando o valor extrínseco se mantém alto, mesmo com o vencimento se aproximando. Isso costuma acontecer antes de eventos importantes como divulgações de resultados trimestrais, decisões de política monetária ou anúncios corporativos. Nesses casos, o mercado mantém os preços das opções elevados, esperando fortes movimentos. O tempo está passando, mas o valor da opção não cai, e o trader vendido não vê lucro.
Esse fenômeno é às vezes chamado de "anti-theta". O theta está lá, sendo calculado pela plataforma, mas na prática o valor da opção não diminui como esperado. E às vezes ele até aumenta. A conta esperada não fecha, e o trader sente na pele que vender opções não é uma renda passiva. É uma estratégia de risco.
Além disso, mesmo quando o valor extrínseco começa a cair nos últimos dias antes do vencimento, isso pode acontecer de forma abrupta, como num único pregão ou nas últimas horas do último dia. Ou seja, o trader que manteve a posição por muitos dias esperando o prêmio cair devagar pode acabar vendo pouco resultado ou muita oscilação até que o ganho se concretize.
Por isso, apesar de ser uma estratégia atrativa à primeira vista, vender opções exige cuidado. Não se trata apenas de “esperar o tempo passar”. É preciso gerenciar riscos, entender o impacto da volatilidade e saber lidar com movimentos inesperados. O lucro do theta não é uma linha reta.
Quem opera vendido em opções está apostando contra o tempo e contra a emoção do mercado. E o mercado, como sabemos, nem sempre é previsível ou racional.


Comentários