⚽ Por que uma Opção Pode Perder Valor Mesmo com o Mercado a Favor
- Nilson Marcelo

- 11 de jun.
- 2 min de leitura
Um dos momentos mais frustrantes para quem opera opções é ver o seguinte acontecer: você compra uma call acreditando que a ação vai subir, e ela realmente sobe. Mas, em vez de ganhar dinheiro, sua opção perde valor. Como isso é possível?
A verdade é que o preço de uma opção não depende apenas da direção da ação. Ele também é fortemente influenciado por outros fatores, como volatilidade implícita, tempo até o vencimento e valor extrínseco.
Vamos a uma analogia simples. Imagine que você comprou um ingresso para ver o seu time do coração disputar um clássico decisivo, pagando R$200 antecipadamente porque esperava que a procura fosse enorme. Até aí tudo bem. Mas no dia seguinte, o clube decide abrir uma nova carga de ingressos com preço promocional de R$120. Mesmo que o jogo continue importante e o estádio vá lotar, o valor de revenda do seu ingresso caiu porque o contexto mudou. A demanda ficou mais acessível, e você pagou mais caro do que o mercado agora aceita.
Com opções acontece algo parecido. Mesmo que a ação suba, o mercado pode reduzir a expectativa de grandes movimentos, fazendo com que a volatilidade implícita caia. Quando isso acontece, o valor extrínseco da opção diminui, puxando o preço total da opção para baixo. Esse fenômeno é chamado de IV crush, muito comum após eventos importantes como divulgação de resultados.
Outro fator é o tempo. Quanto mais o vencimento se aproxima, menor tende a ser o valor extrínseco. Mesmo que a ação se mova na direção esperada, se ela demorar para se mexer, o theta, que é o “relógio” da opção, corrói lentamente o valor da sua posição.
Veja um exemplo prático. Você comprou uma call com strike em R$20 por R$1,50. A ação sobe de R$19,90 para R$20,10. Parece positivo. Mas a sua opção agora está valendo R$1,30. Isso pode ter acontecido porque a volatilidade caiu, o tempo passou ou ambos. Ou seja, mesmo com a ação subindo, a opção caiu.
O oposto também pode acontecer. A ação pode cair, mas o mercado começa a precificar um evento importante, como uma fusão ou uma mudança regulatória. A demanda por proteção aumenta e, com ela, o valor extrínseco sobe. A opção valoriza, mesmo com o ativo indo na direção contrária.
Tudo isso mostra que as opções não seguem um caminho direto como as ações. O comportamento delas é mais complexo, pois envolve múltiplas variáveis ao mesmo tempo.
Por isso, operar opções exige mais do que acertar a direção do mercado. É preciso entender o contexto. O que o mercado está esperando? Há eventos importantes no radar? A volatilidade está cara ou barata? Quanto tempo resta até o vencimento?
Quem domina esses conceitos evita surpresas desagradáveis e toma decisões mais conscientes. Já quem opera olhando apenas para o preço da ação pode acabar do lado certo, mas perdendo dinheiro do mesmo jeito.


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