Guia para Vender Opções - A Importância da Volatilidade (Parte 3)
- Nilson Marcelo
- 24 de set. de 2024
- 7 min de leitura
Entender esse conceito vai mudar a forma como você pensa sobre trading de opções (para melhor). O conceito é chamado de volatilidade.
Como trader de opções, você está expressando uma visão sobre volatilidade... alguns sabem disso e outros não
Como as opções expiram, precisamos estar cientes não apenas da direção que a ação vai se mover, mas também de quanto ela vai se mover em um determinado período de tempo.
Se tiver dúvidas sobre este post, deixe um comentário e eu te respondo.
Vamos começar!
Exemplo 1: Comparando 2 ações.
Vamos imaginar que estamos analisando MGLU3 e ABEV3 e queremos comparar como cada uma dessas ações se movimenta ao longo de um período de 3 dias.
Se olharmos para ABEV3, é uma empresa que existe há muito tempo. Entendemos quanto dinheiro ela faz, como faz, qual deve ser sua receita futura, etc. Então, no dia a dia, não devemos esperar grandes oscilações no preço das ações.
Talvez no primeiro dia a ação suba 1%, depois caia 1% no segundo dia, e então suba 2% no terceiro dia.
Mas e se olharmos para MGLU3?
Sabemos que a AMC se movimenta muito. Pode subir 10% em um dia, cair 15% no dia seguinte e depois subir 20% no terceiro dia!
Pensando nessas duas ações, fica claro que ABEV3 é muito mais estável que MGLU3. O risco em ABEV3 é muito menor do que em MGLU3.
Então, qual dessas ações você acha que teria opções mais caras?
A razão pela qual as opções de MGLU3 seriam mais caras em relação às de ABEV3 é porque há mais risco de MGLU3 se movimentar muito. Lembre-se, o mercado de opções tenta precificar o que vai acontecer no futuro. Como é muito mais provável que MGLU3 se mova 10% amanhã do que a ABEV3, as opções de MGLU3 implicam um risco maior de grandes movimentos futuros do que as opções de ABEV3.
Resumindo: MGLU3 é mais volátil do que ABEV3.
Se ambas as ações estivessem sendo negociadas a R$100 por ação, esperaríamos que uma call com strike de R$100 na MGLU3 fosse muito mais cara, já que há uma chance maior de haver um movimento maior. Lembre-se! Em uma operação, há um comprador e um vendedor. Então, se essa opção de MGLU3 custasse apenas R$2, todos nós gostaríamos de comprá-las, e ninguém iria querer vendê-las, então o preço subiria (oferta e demanda).
Nota: Quando falamos sobre o custo das opções, não estamos nos referindo apenas ao valor em reais. Estamos falando sobre o preço relativo ao preço da ação. Uma call de PETR4 requer mais dinheiro para ser comprada do que uma call de BBDC4.
Por que nos importamos com a volatilidade?
Porque é o fator que o mercado usa para determinar quanto as opções devem custar.
A maioria dos traders de varejo não se preocupa muito com o preço no mercado de opções. Eles estão mais focados na exposição que as opções oferecem do que no custo da opção. E isso faz sentido se você pensar nisso. Quem se importa se uma opção custa R$5 ou R$10 se esperamos um movimento de 1000%, certo? Mas, conforme avançamos nesta lição, comece a pensar sobre o valor das opções. Se pudermos encontrar uma opção sendo negociada por R$10 que realmente vale R$5, encontramos uma boa operação.
Então, vamos tentar ligar tudo isso ao valor das opções.
Resumo 1:
Volatilidade é simplesmente o tamanho, não a direção, do movimento de uma ação.
O grande fator no preço das opções é o quanto o mercado acha que uma ação será volátil no futuro.
Como a volatilidade é uma grande parte de como o mercado precifica as opções, podemos dizer que os preços das opções implicam na volatilidade futura.
Volatilidade não é direção. Fundamentalmente, é o tamanho dos movimentos, não a direção para onde a ação vai.
Se você está negociando opções, está negociando volatilidade. Entender a volatilidade é uma parte importante para entender como negociar opções.
Os 3 Círculos da Volatilidade
Agora que entendemos (de forma geral) o que é volatilidade, precisamos entender que existem diferentes formas de volatilidade que impactam cada ação. Para explicar isso, há uma demonstração que explica isso muito bem. É chamada de "Os 3 Círculos da Volatilidade".
Existem 3 formas de volatilidade que impactam qualquer ação.
A primeira forma de volatilidade é chamada de volatilidade de mercado.
O mercado tem volatilidade. Todas as ações que analisamos existem dentro do mercado. Digamos que o mercado despenque. Todas as ações que estamos olhando também sofreriam uma grande queda. O mercado sobrepõe todas as ações que analisamos, e o que acontece no mercado como um todo impacta todas as ações.
A segunda forma de volatilidade é chamada de volatilidade sem evento
Digamos que nos concentremos em uma ação em particular. Encontraríamos outra forma de volatilidade chamada volatilidade sem evento. Volatilidade sem evento é o movimento de uma ação no seu dia a dia regular. Como a empresa tem se saído? Ela se move em média 1% ao dia? Ou 10% ao dia? Por exemplo, ABEV3 terá menos volatilidade sem evento do que MGLU3. Diferentes ações se movem diferentes quantidades regularmente.
3) A terceira forma de volatilidade é chamada de volatilidade de evento
Se focarmos ainda mais, veremos que dentro de cada empresa existem eventos-chave que impulsionam grandes movimentos no preço das ações. Resultados financeiros, lançamentos de produtos, aprovações de medicamentos, etc. Eventos corporativos introduzem novas informações no mercado, levando a "saltos" no preço das ações que normalmente não veríamos. Por causa disso, eventos podem causar surtos curtos de alta volatilidade para uma ação.
Ao considerar essas 3 formas de volatilidade, conseguimos entender o que está causando a movimentação da ação ou impactando o preço das opções.
Por exemplo, se o mercado de ações desabar, isso ofuscará a volatilidade sem evento de uma empresa. Mesmo que a ação normalmente se mova apenas 1% ao dia, uma queda do mercado pode fazer com que ela se mova muito mais.
Relacionando isso com as opções
Digamos que estamos analisando uma opção que expira em 30 dias. Considerando as 3 formas de volatilidade, o mercado vai tentar determinar quanto a ação provavelmente se moverá nos próximos 30 dias.
Se a ação estiver sendo negociada a R$100 e a call e put at-the-money estão custando R$5 cada (5% do preço da ação), podemos somá-los e ver que o "intervalo" que o mercado está implicando (o straddle at-the-money) é de R$10, ou 10% do preço da ação.
Isso nos diz que o mercado acha que a ação vai se mover para cima ou para baixo 10% nos próximos 30 dias. Os preços das opções estão refletindo a volatilidade implícita pelo mercado.
Digamos que no meio desses 30 dias há um evento de divulgação de resultados. Agora podemos dizer que a volatilidade de mercado, a volatilidade sem evento e a volatilidade de evento fazem parte dos "10% para cima ou para baixo" que o mercado está considerando no preço das opções.
Por que isso é importante?
Bem, se sabemos que há um evento de divulgação de resultados no meio desse período, podemos usar os 3 círculos para pensar que grande parte do movimento de 10% que o mercado está implicando pode acontecer naquele 1 dia, e veremos movimentos muito pequenos nos outros 29 dias. Podemos usar algumas ferramentas de análise para tentar separar a volatilidade de evento da volatilidade sem evento para entender se é isso mesmo, o que é muito útil para vender opções e saber exatamente o que estamos vendendo.
Um ponto interessante sobre os 3 círculos da volatilidade é que podemos isolar qual deles queremos negociar.
Dependendo do que você acha que está mal precificado, você pode isolar uma das formas de volatilidade. Por exemplo, se você quer apenas negociar um evento de resultados, pode estruturar sua operação para eliminar muita da volatilidade de mercado e sem evento!
Resumo 2:
Existem 3 formas de volatilidade que impactam uma ação: volatilidade de mercado, volatilidade sem evento e volatilidade de evento.
A volatilidade de mercado é como a "maré que sobe e desce todos os navios", a volatilidade sem evento é o movimento diário de uma ação, e a volatilidade de evento é um surto curto de grandes movimentos causado por novas informações no mercado (resultados financeiros, lançamentos de produtos, etc.).
O preço da opção reflete o impacto de cada uma dessas 3 formas de volatilidade dentro dos dias até o vencimento da opção.
Podemos isolar diferentes formas de volatilidade dependendo do que queremos negociar.
Volatilidade Implícita vs Volatilidade Realizada
Imagine que você está em um hipódromo e quer apostar na próxima corrida.
Você dá uma olhada nas probabilidades e vê que o cavalo chamado Maroto tem 4:1 de chances de chegar em primeiro lugar. Legal! O mercado está dizendo que você só precisa arriscar 1 para ganhar 4 se o Maroto chegar em primeiro. Você faz algumas contas e acha que há 50% de chance dele ganhar (o mercado está implicando cerca de 25% de chance) e decide que é uma boa aposta. Então, você faz sua aposta.
Então a corrida começa, e mesmo que ele tenha começado bem, o Maroto acaba chegando em 4º lugar.
Quando você fez a aposta, o mercado te ofereceu uma aposta que você podia escolher. O mercado estava implicando uma certa probabilidade daquele cavalo ganhar.
Depois, a corrida começou, e o resultado realizado, ou o que realmente aconteceu, foi que o Maroto perdeu a corrida.
Isso é como o que acontece no mercado de opções...
Volatilidade implícita é o quanto o mercado acha que a ação vai se mover no futuro. Volatilidade realizada é o quanto a ação realmente acaba se movendo.
Como o mercado determina a volatilidade implícita?
A forma básica de pensar nisso é que os participantes do mercado olham para os 3 círculos da volatilidade e formam uma opinião sobre o quanto cada um deles impactará a ação entre agora e o vencimento da opção. O consenso do mercado sobre o impacto de cada forma de volatilidade se torna a volatilidade implícita do mercado.
Se a ação se mover mais do que o implícito, o comprador ganha dinheiro. Se a ação se mover menos do que o implícito, o vendedor ganha dinheiro (há nuances nisso, mas para esta lição estamos simplificando).
Resumo 3:
Volatilidade implícita é o quanto o mercado acha que a ação vai se mover no futuro.
Volatilidade realizada é o quanto a ação realmente acaba se movendo.
Se tivermos uma opinião diferente do mercado e acabarmos mais próximos do que a ação "realiza", deveríamos ganhar dinheiro.
Conclusão
O ouro escapa da pessoa que investe ouro em propósitos que não conhece bem.
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